4 de março de 2012

Cientistas sequenciam genoma de homem de 5 mil anos






Otzi, o homem pré-histórico que morreu nos Alpes italianos, tinha intolerância à lactose, olhos castanhos e predisposição a doenças cardiovasculares

A análise genética revelou predisposição à arteriosclerose e a doenças cardíacas, condições que pareciam mais ligadas a fatores de risco modernos
Cientistas realizaram o primeiro sequenciamento completo do genoma de Otzi, uma múmia conservada no gelo dos Alpes Italianos por cerca de 5.300 anos e encontrada em 1991 por alpinistas alemães. O novo estudo, publicado na revista Nature Communications dessa semana, revelou novos detalhes sobre o homem de 45 anos que morreu atingido por uma flecha nas montanhas.

Desde que foi descoberto, Otzi tem sido estudado em detalhes por pesquisadores, que já coletaram dados do estômago, intestino e dentes da múmia, a fim de entender os homens europeus que viviam naquela época. Mas, pela primeira vez, o seu perfil genético foi completamente reconstituído, revelando olhos castanhos, intolerância à lactose e uma predisposição a doenças cardiovasculares.

"Ele está mais relacionado às populações modernas de Córsega e Sardenha do que à área continental da Itália mais ao sul", disse à Agência Reuters Angela Graefen uma das autoras do estudo. "Mas isso não quer dizer que ele veio dessas regiões. É mais plausível que seus antepassados sejam da primeira leva de migrantes provenientes do Oriente Médio."

A análise genética revelou predisposição à arteriosclerose e a doenças cardíacas, condições que pareciam mais ligadas a fatores de risco modernos, como o tabagismo, o alcoolismo e a obesidade.

A pesquisa ajudou a revelar que homem pré-histórico tinha sangue do tipo O e foi também o primeiro portador conhecido da doença de Lyme, uma infecção bacteriana transmitida por carrapatos. "Pode ser que a genética acrescente mais do que imaginávamos sobre as condições modernas", afirmou Graefen.

Saiba mais

Otzi

Otzi foi encontrado por um casal de alpinistas alemães em uma geleira dos Alpes de Ötztal, na fronteira da Áustria com a Itália, em 1991. O homem, morto por um ferimento no ombro causado por uma flecha, já estava mumificado há 5.300 anos. Otzi — nome dado em homenagem ao local em que foi encontrado — viveu no período conhecido como Idade do Cobre, situado cronologicamente entre o Neolítico e a Idade do Bronze, o que compreende os anos entre 2.500 e 1.800 a.C.






Fonte /exame.abril.com.br

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