12 de junho de 2011

SAÚDE AINDA SEM RUMO









Quando o governador Confúcio Moura foi eleito, a expectativa maior em relação a seu governo, por óbvio, era, como ainda é e será, relacionada a área de saúde. Caso essa procedente esperança de solução ou, pelo menos, de atenuação do problema, não se confirme, a decepção será irremediável.
O compromisso do governador é intransferível. Afinal de contas ele é médico e empresário na área de saúde. Por isso, não pode sequer alegar que não entende do assunto e que foi confundido por assessores incompetentes.
Todos que vivem aqui sabem, há muito, que saúde foi prioridade por outros governantes que aqui passaram apenas no discurso. De fato, o descaso foi a tônica dessas gestões descompromissadas com os verdadeiros valores éticos e humanos. É absolutamente inaceitável as condições em que muitos pacientes , décadas a fio, foram sentenciados ao abandono. Muitos – muitos mesmo! – sofreram além da conta; dos que resistiram, muitos ficaram com seqüelas. Outros tantos, partiram para sempre antes de sua hora.
Não é, repito, justo, ético e humano que esse estado deplorável continue. Seis meses já se passaram e, a cada dia, esmaecem as esperanças de um choque de gestão no setor para por fim, o mais rápido possível, os gemidos e as lágrimas que continuam a atormentar não só aqueles vitimados diretamente, mas a todas as pessoas que cultivam valores humanitários e que sabem o que está acontecendo.
Na condição de um dos diretores do Conselho Federal de Medicina não poderia deixar de me manifestar diante de uma situação como essa. Não apenas pelo cargo que exerço a nível nacional, como pelo médico que sou, filho desta terra, com compromissos inarredáveis com o bem estar de seu povo.
Ao assumir o governo no primeiro dia de janeiro deste ano, Confúcio Moura sabia da herança maldita no setor de saúde que receberia de outros governadores que por aqui passaram. Há décadas que o fantasma do descaso marca ponto naquela secretaria. Sabia que medidas de impacto seriam necessárias para atenuar a situação nos primeiros dias de seu mandato. E até que ele tentou. Foi a Brasília pedir o socorro que não veio. Aliás, mesmo que viesse não seria eficaz porque se os hospitais ditos de campanha fossem para todos os estados do Brasil na situação do nosso estariam em literalmente em todos. Rondônia ganhou mídia nacional, mais uma vez, pelo seu lado negativo. O tiro saiu pelo culatra. Manchou nossa imagem, e nada, absolutamente nada, trouxe de resolutivo.
Enquanto se perdia tempo com esse tipo de coisa, um secretário atordoado e atormentado por ingerências e futricas patinava numa maionese sem apoio das ditas “forças políticas”. Nem completou seis meses na pasta e foi logo decapitado. Em meio a reuniões intermináveis sem resultados práticos e conspirações de quem queria o seu cargo. Os interesses maiores e urgentes cederam espaço a pressões de disputa de poder. Enquanto isso, o povo continuava e continua gemendo e até morrendo.
A problema da saúde em nosso Estado não se restringe às centenas de pacientes que aguardam cirurgias ortopédicas, a maioria deles em condições desumanas, no João Paulo II. Há os cancerosos, os cardíacos; enfim, gente acometida de graves enfermidades, principalmente as que necessitam de tratamento cirúrgico, aguardando, aguardando, aguardando... Até quando?!
Com o objetivo de resolver a grave deficiência das cirurgias ortopédicas, resolveram (quem resolveu isso?) desprestigiar os profissionais e as empresas prestadoras de serviços de saúde locais e ir buscar solução muito longe daqui. Segundo se sabe, sem que os trâmites legais fossem cumpridos para tal contratação. Médicos de fora, segundo alegam, vêm realizar 250 cirurgias ortopédicas por mês no Hospital de Base Ary Pinheiro. E o pós-operatório, ou seja, o seguimento desses pacientes após o tratamento cirúrgico, quem vai assumir? Esses médicos não residirão aqui. Vêm, fazem as cirurgias em escala industrial, e se vão. Quando se sabe que o pós-operatório da maioria das cirurgias ortopédicas é laborioso e demorado (algumas passam de um ano) e que, em nome do melhor resultado, é de fundamental importância que o mesmo médico que opere é o que faça esse acompanhamento. Quem assistirá esses pacientes? Os ortopedistas do contratados pelo Estado, pelo que se sabe, não o farão.
O Sindicato Médico (Simero), que tem se mostrado atuante, em comunicado recente à imprensa fez graves denúncias quanto a essa contratação intempestiva e ilegal que alijou, sumariamente, os especialistas locais. Por que, reitero, essa preferência por empresas e profissionais de outros estados? O Simero tem toda a razão quando se manifesta com veemência nessas questões que comprometem interesse da classe que representam. O Simero denuncia, periodicamente, uma série de ações da governo do Estado que causarão mais problemas do que soluções, como, por exemplo, pagamento diferenciado por especialidade, etc.
Penso que já é mais do que na hora de aparecerem resultados. Decididamente a população já não suporta a dor que a acomete de modo crônico. Faz-se preciso que o governador Confúcio Moura tome medidas resolutivas a curto, médio e longo prazos que, observando os critérios de prioridade façam acontecer o que se espera há décadas; ou seja, que no âmbito do serviços públicos de saúde todos sejam atendidos como gente.
Aproveito a oportunidade para assegurar ao governador Confúcio Moura, em meu nome e do Conselho Federal de Medicina, que estamos disposto a apoiá-lo em tudo que for da nossa competência fazê-lo no que tange as suas pertinentes e lídimas ações para reverter, com a urgência possível, esse quadro dantesco que aí está no setor de saúde.




Hiran Gallo

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