Acredito que a corrupção, notadamente no setor público, deve ser considerada crime hediondo. Por uma razão incontrastável: a corrupção mata - literalmente.
Não é difícil perceber que o dinheiro roubado do erário, desviado de sua finalidade social, corrói a prestação dos serviços dos governos em geral e, na Saúde, resulta em mortes de crianças e adultos que recorrem aos hospitais públicos e acabam por sucumbir pela desarrazoada e imperdoável falta de equipamentos, medicamentos, leitos, profissionais qualificados.
Em decorrência das tragédias que ocasiona, a corrupção pode, pois, ser entendida como um imposto superlativamente doloroso, mais perverso ainda do que a inflação, porque a roubalheira de dinheiro público empobrece as pessoas, avilta a sociedade e desmoraliza as instituições.
Médico, formado há mais de 30 anos, tenho testemunhado uma progressiva e recalcitrante queda na qualidade dos serviços públicos de Saúde em todo o nosso país.
Pelos idos de 1980, quando médico residente no Rio de Janeiro, havia, naquela cidade, serviços médicos governamentais bem organizados, referências até para o setor privado, enfim, grupos de pesquisas exemplares. Vale lembrar o Hospital dos Servidores, o Hospital de Ipanema, Andaraí, Lagoa, e outros, hoje, ao que se sabe, totalmente sucateados, mercê da politicagem.
Convém ainda considerar que os recursos até então destinados aos hospitais especializados foram redirecionados para os verticalizados Programas de Saúde da Família, copiados do improviso e da penúria do regime castrista, iniciativas estas de resultados práticos e estatísticos ainda pouco conhecidos.
Administrar a Saúde no Brasil é administrar a escassez e é notável que os burocratas da Saúde demonstrem dificuldade para entender que a verdadeira qualidade da ação de saúde mora no coração e na alma do profissional de Saúde (Donabedian).
Ao término da Residência Médica, voltei para o meu Estado de Rondônia, onde nasci, e lá permaneço trabalhando até hoje. O que venho testemunhando em Rondônia, embora reflexo do que acontece no resto do país por causa da corrupção, entre outras mazelas, o esfacelamento das instituições e a degradação do setor público de Saúde, não ufana a mim nem a esmagadora maioria dos rondonienses – naturais ou por adoção.
Penoso constatar e ser obrigado a admitir, mas o fato é que padece o profissional disposto a trabalhar com o propósito de oferecer a mínima qualidade no ambiente desaconchegante de hospitais desnudos, desaparelhados. Razão pela qual, é indescritível o sofrimento dos pacientes amontoados, por exemplo, nos corredores fétidos do Pronto Socorro da capital Porto Velho.
Organizar serviços, rotinas, fazer algum tipo de pesquisa, só na cabeça de alguns sonhadores.
Embora o setor público da Saúde em Rondônia não apresente qualquer perspectiva de melhora, sabe-se que hospitais já tiveram seus prédios reformados e pintados incalculadas vezes e inúmeros serviços já foram inaugurados, anunciados com sensacionalismo na mídia. Só que nunca atenderam um paciente sequer.
Se, em Rondônia, os pacientes com câncer permanecem desassistidos, abandonados, existe um outro câncer entranhado nos meios políticos que contribui para diminuir a qualidade de vida e a felicidade dos rondonienses.
Aliás, diga-se, as recentes notícias sobre a corrupção de políticos em Rondônia, embora já não tenham o poder de me causar qualquer estranheza, jamais deixarão de me envergonhar e entristecer. Como tenho certeza que envergonhados e tristes ficam os brasileiros em geral ao verem os corruptos assaltarem os cofres federais.
O presidente do Banco Mundial, James D. Wolfensohn, comparou a roubalheira pública a um incêndio florestal: “A corrupção muitas vezes não pode ser contida. Mas, sem lhe dar combate, seu poder de destruição não tem limites”.
O Conselho Regional de Medicina de Rondônia é ativo participante do “Movimento pela Transparência”, que pretende arregimentar pessoas e instituições para dar combate a esta epidemia letal que atende pelo nome de Corrupção.
Estamos convencidos de que o combate mais eficaz à corrupção atende pelo nome de Cidadania, com Segurança, Educação e Saúde de boa qualidade ao alcance de todos.
Na contraposição dos interesses da sociedade, para os corruptos, quanto pior, melhor. Que ninguém se iluda. Quando os administradores da Saúde Pública alardeiam competência ao comemorar o aumento no número de atendimentos e internações nos hospitais e postos de Saúde é porque a Saúde do povo vai mal.
Políticos fisiológicos, solícitos, conseguem mandatos distribuindo favores aos doentes, miseráveis, viciados. A corrupção sobrevive na mentira e não raro precisa da miséria e da doença para se justificar e prosperar. A doença humilha, coloca o cidadão de joelhos, torna-o um pedinte a mercê dos donos do poder.
A corrupção, assim como o câncer, requer medidas radicais, ainda que eventualmente mutilantes.
Os corruptos, estes criminosos hediondos, não podem permanecer impunes, endinheirados, intimidadores e debochados. Enfim, é necessário acabar com o conceito equivocado de que a Lei é para todos, mas a Justiça é para poucos.
Não é difícil perceber que o dinheiro roubado do erário, desviado de sua finalidade social, corrói a prestação dos serviços dos governos em geral e, na Saúde, resulta em mortes de crianças e adultos que recorrem aos hospitais públicos e acabam por sucumbir pela desarrazoada e imperdoável falta de equipamentos, medicamentos, leitos, profissionais qualificados.
Em decorrência das tragédias que ocasiona, a corrupção pode, pois, ser entendida como um imposto superlativamente doloroso, mais perverso ainda do que a inflação, porque a roubalheira de dinheiro público empobrece as pessoas, avilta a sociedade e desmoraliza as instituições.
Médico, formado há mais de 30 anos, tenho testemunhado uma progressiva e recalcitrante queda na qualidade dos serviços públicos de Saúde em todo o nosso país.
Pelos idos de 1980, quando médico residente no Rio de Janeiro, havia, naquela cidade, serviços médicos governamentais bem organizados, referências até para o setor privado, enfim, grupos de pesquisas exemplares. Vale lembrar o Hospital dos Servidores, o Hospital de Ipanema, Andaraí, Lagoa, e outros, hoje, ao que se sabe, totalmente sucateados, mercê da politicagem.
Convém ainda considerar que os recursos até então destinados aos hospitais especializados foram redirecionados para os verticalizados Programas de Saúde da Família, copiados do improviso e da penúria do regime castrista, iniciativas estas de resultados práticos e estatísticos ainda pouco conhecidos.
Administrar a Saúde no Brasil é administrar a escassez e é notável que os burocratas da Saúde demonstrem dificuldade para entender que a verdadeira qualidade da ação de saúde mora no coração e na alma do profissional de Saúde (Donabedian).
Ao término da Residência Médica, voltei para o meu Estado de Rondônia, onde nasci, e lá permaneço trabalhando até hoje. O que venho testemunhando em Rondônia, embora reflexo do que acontece no resto do país por causa da corrupção, entre outras mazelas, o esfacelamento das instituições e a degradação do setor público de Saúde, não ufana a mim nem a esmagadora maioria dos rondonienses – naturais ou por adoção.
Penoso constatar e ser obrigado a admitir, mas o fato é que padece o profissional disposto a trabalhar com o propósito de oferecer a mínima qualidade no ambiente desaconchegante de hospitais desnudos, desaparelhados. Razão pela qual, é indescritível o sofrimento dos pacientes amontoados, por exemplo, nos corredores fétidos do Pronto Socorro da capital Porto Velho.
Organizar serviços, rotinas, fazer algum tipo de pesquisa, só na cabeça de alguns sonhadores.
Embora o setor público da Saúde em Rondônia não apresente qualquer perspectiva de melhora, sabe-se que hospitais já tiveram seus prédios reformados e pintados incalculadas vezes e inúmeros serviços já foram inaugurados, anunciados com sensacionalismo na mídia. Só que nunca atenderam um paciente sequer.
Se, em Rondônia, os pacientes com câncer permanecem desassistidos, abandonados, existe um outro câncer entranhado nos meios políticos que contribui para diminuir a qualidade de vida e a felicidade dos rondonienses.
Aliás, diga-se, as recentes notícias sobre a corrupção de políticos em Rondônia, embora já não tenham o poder de me causar qualquer estranheza, jamais deixarão de me envergonhar e entristecer. Como tenho certeza que envergonhados e tristes ficam os brasileiros em geral ao verem os corruptos assaltarem os cofres federais.
O presidente do Banco Mundial, James D. Wolfensohn, comparou a roubalheira pública a um incêndio florestal: “A corrupção muitas vezes não pode ser contida. Mas, sem lhe dar combate, seu poder de destruição não tem limites”.
O Conselho Regional de Medicina de Rondônia é ativo participante do “Movimento pela Transparência”, que pretende arregimentar pessoas e instituições para dar combate a esta epidemia letal que atende pelo nome de Corrupção.
Estamos convencidos de que o combate mais eficaz à corrupção atende pelo nome de Cidadania, com Segurança, Educação e Saúde de boa qualidade ao alcance de todos.
Na contraposição dos interesses da sociedade, para os corruptos, quanto pior, melhor. Que ninguém se iluda. Quando os administradores da Saúde Pública alardeiam competência ao comemorar o aumento no número de atendimentos e internações nos hospitais e postos de Saúde é porque a Saúde do povo vai mal.
Políticos fisiológicos, solícitos, conseguem mandatos distribuindo favores aos doentes, miseráveis, viciados. A corrupção sobrevive na mentira e não raro precisa da miséria e da doença para se justificar e prosperar. A doença humilha, coloca o cidadão de joelhos, torna-o um pedinte a mercê dos donos do poder.
A corrupção, assim como o câncer, requer medidas radicais, ainda que eventualmente mutilantes.
Os corruptos, estes criminosos hediondos, não podem permanecer impunes, endinheirados, intimidadores e debochados. Enfim, é necessário acabar com o conceito equivocado de que a Lei é para todos, mas a Justiça é para poucos.
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