As OSs são deficitárias
Carta Capital nº 664
Por Soraya Aggege
A gestão da saúde pública por organizações sociais (OSs), adotada pelo governo paulista e que tem servido de modelo para outros estados, pode custar mais caro que o sistema da administração direta e apresenta alguns efeitos negativos na qualidade dos serviços.
É o que demonstra um estudo produzido pelo Tribunal de Constas do Estado (TCE) de São Paulo, que compara os dois métodos de administração. Apesar dos pontos negativos , o modelo ser adotado no Rio de Janeiro.
O sistema foi aprovado na terça-feira 123 pela Assembléia Legislativa fluminense.
O estudo do TCE paulista, do conselheiro Renato Martins Costa, compara seis hospitais estaduais semelhantes nos espectro dos dois modelos diferentes, ou seja, geridos por OSs e pela administração direta do governo. O relatório não partiu de uma auditoria nem teve como meta definir qual o melhor modelo, mas apenas avaliar a situação paulista.
As conclusões, porém, são relevantes. Fica claro, por exemplo, que os custos das OSs são mais altos, os doentes ficam mais tempo sozinhos nos leitos, a taxa de mortalidade geral é maior e que há uma ampliação da desigualdade salarial entre os trabalhadores. Enquanto os chefes ganham acima da média, os escalões inferiores recebem menos que seus pares dos hospitais geridos pelo estado.
Para ter uma idéia, do ponto de vista do resultado econômico, os hospitais analisados custam 60 milhões de reais a mais nas OSs do que nas gestões diretas – uma variação de 38,52% de menor eficácia. Outro exemplo significativo: o custo do leito por ano nas OSs foi 17,6% maior do que nos hospitais da administração pública.
Ainda com relação ao custo, um estudo complementar feito pela bancada do PT da Assembléia Legislativa de São Paulo mostra que nos primeiros quatro meses de 2011 o déficit das OSs chegou a 15 milhões de reais.
Dos 21 hospitais de OSs paulistas, nove tiveram déficits de até 43%. Alguns deles, inclusive, podem chegar à falência, como os de Pedreira, Grajaú e Itapevi, de acordo com esse estudo.
Também foram identificadas reduções nas quantidades de atendimentos públicos. “A falta de controle social alimenta o rombo que as OSs provocam nos cofres do estado, além de precarizar o atendimento à população”, avalia o estudo da bancada.
Carta Capital nº 664
Por Soraya Aggege
A gestão da saúde pública por organizações sociais (OSs), adotada pelo governo paulista e que tem servido de modelo para outros estados, pode custar mais caro que o sistema da administração direta e apresenta alguns efeitos negativos na qualidade dos serviços.
É o que demonstra um estudo produzido pelo Tribunal de Constas do Estado (TCE) de São Paulo, que compara os dois métodos de administração. Apesar dos pontos negativos , o modelo ser adotado no Rio de Janeiro.
O sistema foi aprovado na terça-feira 123 pela Assembléia Legislativa fluminense.
O estudo do TCE paulista, do conselheiro Renato Martins Costa, compara seis hospitais estaduais semelhantes nos espectro dos dois modelos diferentes, ou seja, geridos por OSs e pela administração direta do governo. O relatório não partiu de uma auditoria nem teve como meta definir qual o melhor modelo, mas apenas avaliar a situação paulista.
As conclusões, porém, são relevantes. Fica claro, por exemplo, que os custos das OSs são mais altos, os doentes ficam mais tempo sozinhos nos leitos, a taxa de mortalidade geral é maior e que há uma ampliação da desigualdade salarial entre os trabalhadores. Enquanto os chefes ganham acima da média, os escalões inferiores recebem menos que seus pares dos hospitais geridos pelo estado.
Para ter uma idéia, do ponto de vista do resultado econômico, os hospitais analisados custam 60 milhões de reais a mais nas OSs do que nas gestões diretas – uma variação de 38,52% de menor eficácia. Outro exemplo significativo: o custo do leito por ano nas OSs foi 17,6% maior do que nos hospitais da administração pública.
Ainda com relação ao custo, um estudo complementar feito pela bancada do PT da Assembléia Legislativa de São Paulo mostra que nos primeiros quatro meses de 2011 o déficit das OSs chegou a 15 milhões de reais.
Dos 21 hospitais de OSs paulistas, nove tiveram déficits de até 43%. Alguns deles, inclusive, podem chegar à falência, como os de Pedreira, Grajaú e Itapevi, de acordo com esse estudo.
Também foram identificadas reduções nas quantidades de atendimentos públicos. “A falta de controle social alimenta o rombo que as OSs provocam nos cofres do estado, além de precarizar o atendimento à população”, avalia o estudo da bancada.
“O relatório confirmou o que as entidades médicas têm afirmado há muito tempo: a gestão privada das organizações sociais e todas as outras formas de privatização e terceirização da saúde se constituem numa forma muito mais onerosa para o serviço público e menos eficiente. Assistimos isso com profunda tristeza e com um lamento severo e sincero, pois a população acaba sendo mais sofrida, mais discriminada e mais marginalizada com a adoção desse modelo de gestão”, destacou o presidente da Federação Nacional dos Médicos e do Sindicato dos Médicos de São Paulo, Cid Carvalhaes.
Para o presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), José Maria Pontes, o relatório apresentado pelo TCE derruba a tese do governo de alegar falta de recursos para a saúde.
“O governo alega que o problema da saúde é dinheiro, mas se o problema é dinheiro, por que os governos estão adotando um modelo de gestão que custa mais caro?”, questionou o dirigente.
“Fica claro que há interesses econômicos envolvidos, que as pessoas vão para lá para lucrar e, infelizmente, o poder publico vem adotando esse método, mas esse relatório vem mostrar que é uma falácia dizer que as organizações sociais são melhores que os hospitais públicos, porque não são. As Organizações Sociais estão lá para ganhar dinheiro às custas das doenças das pessoas e nós sabemos que saúde não é mercadoria”, acentuou. O sindicalista ainda lembrou que já existe um movimento nacional contra as terceirizações na saúde e que o apoio da sociedade contra as privatizações é muito importante para que os atendimentos no sistema público de saúde não sejam ainda mais prejudicados.
Veja o relatório:
http://embedit.in/Kuo2TBtGfe.swf
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