Uma pesquisa inédita realizada nos Estados Unidos vincula o HPV e o surgimento de doenças cardiovasculares em mulheres sem fatores de risco. O estudo está sendo encabeçado por profissionais da Divisão de Cardiologia do Departamento Médico da Universidade do Texas com cerca de 2.500 mulheres com idades entre 20 e 59, que participaram de consultas nacionais sanitárias e nutricionais entre 2003 e 2006.
A infecção pelo vírus é uma das mais comuns entre as doenças sexualmente transmissíveis. Normalmente, o organismo consegue se livrar sozinho da infecção, mas alguns subtipos, conhecidos como cepas oncogênicas, podem virar câncer e precisam ser acompanhados de perto.
"Cerca de 20% dos indivíduos com não apresenta quaisquer fatores de risco, um indício de que outras causas não tradicionais podem estar implicadas", explicou o chefe das pesquisas, Ken Fujise, diretor da Divisão de Cardiologia do Departamento Médico da Universidade do Texas, em entrevista à agência de notícias France Presse.
A ideia de pesquisar a relação entre o HPV e as doenças cardíacas surgiu devido à forma como o vírus atua no desenvolvimento do câncer, ao desativar dois genes supressores de tumores: o p53 e a proteína do retinoblastoma (pRb).
O gene p53 tem função decisiva na regulação do processo que provoca a arterioesclerose, ou enrijecimento das artérias, enquanto a pRb é crucial na regulação do crescimento e proliferação celular.
Os pesquisadores ainda não confirmaram a relação entre essa desativação e desenvolvimento de doenças do sistema cardíaco, mas descobriram uma forte ligação entre os tipos de HPV oncogênico e os problemas cardiovasculares, listados entre as principais causas de morte entre mulheres no planeta.
Uma coisa é certa: se o vínculo entre o HPV e as doenças cardíacas for confirmado, os cientistas poderão trabalhar no desenvolvimento de um medicamento para deter a inativação do gene p53 e evitar o aparecimento de doenças cardíacas em mulheres infectadas com HPV. As descobertas serão publicadas na edição de 1º de novembro do "Jornal da Escola Americana de Cardiologia".
Sobre o HPV
Existem mais de 200 tipos de vírus da família do HPV, também conhecido como papilomavírus, e alguns são relacionados ao aparecimento de tumores malignos. Em grande parte dos casos, a infecção é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imunológico, principalmente entre mulheres mais jovens.
A transmissão é por contato direto com a pele infectada. Os HPV genitais, mais comuns, são transmitidos por meio das relações sexuais, podendo causar lesões na vagina, colo do útero, pênis e ânus. O sexo seguro ainda é a melhor prevenção a esse tipo de vírus.
*Com informações da Folha de São Paulo e do INCA
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