Entidade
também detalha critérios para importação de médicos estrangeiros
e defende criação de carreira federal para profissionais de saúde,
no prazo máximo de 36 meses.
A
criação de um Programa de Interiorização do Médico Brasileiro é
a principal proposta do Conselho Federal de Medicina (CFM) para levar
médicos brasileiros a trabalharem no interior do país. A solução
é vista pela entidade como opção segura para garantir a imediata
interiorização da Medicina, pois valoriza o profissional
nacional, estimula a melhora da infraestrutura de trabalho e cria
condições efetivas para atração e fixação dos médicos em áreas
remotas. A medida teria caráter emergencial e transitório, com
validade máxima de 36 meses.
O
documento, aprovado pelo Plenário do CFM, foi entregue nesta
sexta-feira (24) ao Palácio do Planalto e aos ministérios da Saúde,
Educação e das Relações Exteriores. A proposta, que ainda
contempla outras duas medidas, também foi encaminhada ao Senado
Federal, Câmara dos Deputados, Supremo Tribunal Federal (STF),
Superior Tribunal de Justiça (STJ) e à Procuradoria-Geral da
República (PGR).
No
entendimento dos conselheiros, o Programa de Interiorização do
Médico Brasileiro corrige distorções de ações anteriores do
Governo. A proposta do CFM quer alocar profissionais em cidades de
até 50 mil habitantes, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Após a apresentação das propostas, o Conselho de Medicina se
colocou novamente à disposição para dialogar com o Governo.
mapaprovab2013
“Os médicos
brasileiros querem colaborar com esse processo de forma ativa e estão
abertos ao diálogo. Esperamos que nossas propostas possam ser
recebidas como um sinal de nosso empenho em atender às necessidades
da população, cercando-a de profissionais competentes,
comprometidos, bem preparados e estimulados a cumprir sua missão de
levar o bem estar e salvar vidas”, explica o documento.
Fatores
de fixação –
Para viabilizar a adesão do maior número de profissionais
possíveis, o CFM recomenda que o Governo proporcione condições
adequadas de atendimento, por meio da instalação de Unidades de
Pronto Atendimento (UPAs) e de laboratórios de análises clínicas.
A monitoria (presencial e à distância) vinculada a programas de
extensão de escolas públicas de Medicina, o acesso a insumos e
equipamentos de diagnóstico e terapia, o apoio de equipe
multiprofissional e a rede de referência e contrareferência
(leitos, exames e outros procedimentos) também são itens
fundamentais para conseguir fixar os médicos brasileiros nas regiões
mais carentes.
Dados
do próprio Ministério da Saúde sobre a distribuição dos
municípios que receberam médicos que aderiram ao atual programa do
Governo evidencia distorções que podem ser corrigidas com a adoção
da nova proposta do CFM. A maioria dos profissionais foi levada a
cidades acima de 100 mil habitantes, localizados na faixa litorânea
e nas cidades com melhores indicadores socioeconômicos (mapa
ao lado).
Importação
de médicos –
Outra proposta que consta do documento, se refere a importação de
médicos estrangeiros. O CFM mantem sua a defesa de que os
candidatos devam ser aprovados no Exame Nacional de Revalidação de
Diplomas Médicos (Revalida) no seu formato atual. “Ao defender a
exigência do Revalida para os candidatos formados em escolas de
Medicina do exterior, o CFM apenas quer que sejam seguidas as normas
estabelecidas pelo próprio Estado Brasileiro e atualmente em vigor
para a vinda dos médicos estrangeiros”, argumenta a entidade.
Além
disso, a entidade propõe outros critérios, como o domínio da
língua portuguesa, sendo este requisito “absolutamente necessário”
para a adequada relação médico-paciente, evitando-se riscos de
erros de diagnósticos e de tratamento. A apresentação de atestado
de bons antecedentes éticos e criminais fornecidos pelas entidades
médicas e das autoridades judiciais dos países onde se graduaram
também aparece na proposta como exigência mínima para a atuação
do médico estrangeiro no país.
“Quando
as entidades médicas cobram o cumprimento dessa exigência legal não
o fazem para criar dificuldades, mas como forma de se estabelecer um
padrão de qualidade e segurança para a assistência à população
brasileira”, conclui.
Carreira
de estado –
Como terceiro item, o CFM defende, a médio prazo, que seja
construída e implementada uma carreira federal para o médico,
enfermeiro, dentista, farmacêutico e bioquímico que atendem dentro
do Sistema Único de Saúde (SUS), aos moldes do que já existente
para os cargos de juiz e promotor no âmbito do Poder Judiciário.
Ela entraria em vigor após o encerramento das duas ações
anteriores, que atenderiam em caráter transitório e emergencial.
Na
carreira proposta, o acesso se daria por concurso público, realizado
pelo Ministério da Saúde. Dentre as características desta
carreira, consta jornada de trabalho de 40 horas semanais no
atendimento exclusivo ao SUS, com Plano de Cargos, Carreira e
Salários, o que permitiria que esses profissionais ascendessem com
remuneração compatível com o estabelecido pela Federação
Nacional dos Médicos (Fenam).
O
CFM entende que a simples alocação do médico em um determinado
município não tornará a população assistida. Para que este
benefício seja oferecido com efetividade e eficácia, justifica, é
necessário interiorizar o sistema de saúde, no qual o médico é um
integrante importante, mas não suficiente para os resultados
ocorram. “De forma complementar, a melhora da infraestrutura local
deve estar atrelada a um sistema de regulação estadual eficaz, com
rede de transporte instalada para a transferência dos pacientes
necessitados para centros de maior complexidade”, sugere a
entidade.
Clique
aqui para
conferir a proposta na íntegra.
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